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Festas juninas: origem e diferenças regionais no Brasil

Foto: Reprodução/Prefeitura Municipal de Baependi

“Pula a fogueira, iaiá. Pula a fogueira, ioiô. Cuidado para não se queimar. Olha que a fogueira já queimou o meu amor”. Impossível ler esse início da famosa marchinha junina sem, ao menos mentalmente, cantarolar. A autoria é de Getúlio Marinho e a composição de João Bastos Filho. Foi lançada em 1936 pelo cantor Francisco Alves.

Essa reação automática é indício do quanto as tradicionais festas juninas fazem parte da cultura brasileira. Do Oiapoque ao Chuí, prefeituras, comunidades, escolas, clubes e quaisquer tipos de agrupamentos sociais promovem celebrações que carregam influências de povos variados, destacam o folclore e os costumes da zona rural do nosso país, bem como trazem comidas e trajes típicos.

A origem, no entanto, remete às festividades pagãs da Idade Média realizadas na Europa, durante a passagem da primavera para o verão (solstício de verão). As celebrações visavam afastar maus espíritos e pragas que pudessem atingir a colheita. As fogueiras faziam parte da tradição. No hemisfério norte, o solstício de verão acontece no mês de junho.

Com a cristianização do continente europeu, a Igreja incorporou a celebração de junho ao calendário festivo do catolicismo, adicionando elementos cristãos, uma prática comum para facilitar a conversão dos diferentes povos pagãos.

Trazidas para o Brasil no século XVI pelos colonizadores portugueses, as festas juninas vieram com uma forte contação religiosa, mas que se perdeu em partes ao longo do tempo, pois atualmente é vista por muitos mais como uma festividade popular do que religiosa. A inclusão de símbolos caipiras também fez parte dessa evolução.

Mas se engana quem pensa que o “São João”, como também são conhecidas as festas juninas, é igual em todo o Brasil. Há diferenças regionais significativas nas comemorações. É fato que no Sul do país a festa é um tanto quanto acanhada, reservadas principalmente a eventos escolares, de clubes ou igrejas, e com quantidade de público inferior àquele registrado na região Nordeste.

Há que se destacar também que no Sul as danças são restritas às tradicionais quadrilhas. Já no aspecto culinário, para além dos pratos à base de milho (curau, cuscuz, canjica, bolo de milho, pamonha..), os sulistas adicionam o pinhão, uma iguaria regionalíssima.

Pode-se dizer, sem medo de errar, que o São João nordestino é mais diversificado. A começar pelas danças típicas, que trazem, além das quadrilhas (é claro!), o tambor de crioula, o cucuriá, o baião, o bumba-meu-boi e uma série de outras formas de dançar as festas juninas.

Na culinária não faltam pratos que destoam do cardápio típico do São João da região Sul, como o mungunzá (mingau de milho branco), o bolo de doido (prato quente com vários tipos de carnes), o arroz de cuxá (com camarões e pimentões), o sarapatel (vísceras suínas) e o bolo Souza Leão (feito de aipim), por exemplo.

Em relação à quantidade de público, as diferenças são ainda maiores. A cidade de Campina Grande, na Paraíba, é famosa por ter o “Maior São João do Mundo”. Participam da festa mais de dois milhões de pessoas a cada ano. É raríssimo encontrar uma vila qualquer que seja em todo o Nordeste que não tenha a festividade junina.

Na economia, as cifras também impressionam: nas duas das principais festas juninas do Brasil, Caruaru (PE) e Campina Grande (PB), a estimativa é arrecadar mais de R$ 1,1 bilhão. Em todo o país, a festividade deve movimentar cerca de R$ 6 bilhões em 2023, segundo o Ministério do Turismo.

Existe toda uma cadeia produtiva em torno do São João Nordestino e a evolução da festa não traz apenas boas notícias. Há a preocupação com o enfraquecimento da cultura e dos artistas regionais com a invasão da indústria de entretenimento e a introdução de ritmos alheios ao cenário tradicional junino, como é o caso do axé e do sertanejo universitário, que figuraram nos palcos do São João nordestino neste ano. Para compreender melhor o problema, assista o vídeo do historiador e escritor Jones Manoel (clique aqui!).

Apesar das diferenças regionais, as festas juninas estão sedimentadas na cultura brasileira e o mais importante é que “nessa noite de festança, todos caem na dança, alegrando o coração. Foguetes, cantos e troça, na cidade e na roça, em louvor a São João”.

 

Fonte: DS Curitiba

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