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Há um ano, SP vacinava 1ª pessoa contra Covid no Brasil; veja o que mudou e projeções para o futuro

Crédito da foto: ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

'Mesmo com o aumento de casos, houve uma redução dos casos graves, que é o que a gente espera com a vacinação', diz em entrevista ao g1 a enfermeira Jéssica Pires de Camargo.

O início da vacinação contra a Covid-19 no Brasil completa um ano nesta segunda-feira (17). Horas após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovar o uso emergencial dos imunizantes CoronaVac e AstraZeneca, no dia 17 de janeiro de 2021, o governo de São Paulo começou a vacinar profissionais de saúde, indígenas e quilombolas .
 
A primeira a receber a vacina em território nacional foi a enfermeira Mônica Calazans, em evento realizado no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HC-USP).
 
A aplicação foi feita pela enfermeira Jéssica Pires de Camargo, que também deu o pontapé inicial na imunização das crianças na última sexta-feira (14). Em entrevista ao g1, a profissional de saúde descreveu a sensação de ter participado dos dois momentos. (Leia abaixo)
 
Devido à dependência de insumos farmacêuticos importados para a produção de vacinas, o processo de imunização avançou de forma gradual. As pessoas do grupos de risco, como profissionais de saúde e idosos, foram os primeiros a receber as doses. Posteriormente, a vacinação seguiu por faixa etária.
 
Para o presidente do Departamento Científico de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Marco Aurélio Sáfadi, apesar de ter começado de forma lenta no Brasil, em um momento que pedia por mais agilidade, a vacinação contra Covid-19 conseguiu evoluir bem, demonstrando sua importância quando houve a chegada da variante delta.
 
No dia 10 de agosto, quase sete meses após o início, a vacinação passou a ser liberada em SP para todas as pessoas maiores de 18 anos. Cerca de uma semana depois, adolescentes de 12 a 17 anos dos grupos prioritários começaram a ser imunizados.
 
O processo teve novamente que ser escalonado, uma vez que dependia da entrega de doses da Pfizer, as únicas com autorização da Anvisa para serem aplicadas em menores de idade, pelo Ministério da Saúde.
 
Passado quase um ano do início da campanha de imunização, na última sexta-feira (14), Jéssica Camargo voltou ao HC da USP para aplicar a primeira dose pediátrica contra Covid-19 do país no menino Davi Xavante, de 8 anos.
 
Em entrevista ao g1, a profissional de saúde descreveu a sensação de participar dos dois momentos importantes. Para ela, há um ano a emoção foi mais relacionada à expectativa que todos já acumulavam desde o início da pandemia. Desta vez, a felicidade foi de ver o fruto de "um ano correndo para vacinar todos os públicos alvos" e finalmente chegar na faixa etária das crianças.
 
Mudança de cenário da pandemia
Segundo o especialista em imunização, Marco Aurélio Sáfadi, os vírus respiratórios, como o coronavírus, têm funcionamento diferente de outros como os causadores do sarampo, rubéola e hepatite A, para os quais um indivíduo pode adquirir proteção definitiva por meio da vacina ou após uma infecção natural.
 
Porém, apesar de as vacinas contra Covid não terem a capacidade de impedir totalmente infecções posteriores, o médico considera que o investimento na imunização contra a doença foi essencial para reduzir o impacto da pandemia. Mortes, hospitalizações sequelas da doença teriam ocorrido em escala maior ainda se tivéssemos apostado na chamada imunidade de rebanho, por infecção natural, segundo ele.
 
Atualmente, o estado de São Paulo tem 79,8% de sua população estimada (de acordo com os cálculos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica - IBGE) com esquema vacinal básico completo, ou seja, duas doses – no caso dos imunizantes Pfizer, AstraZeneca e CoronaVac – ou dose única – da Janssen – já aplicada.
 
Para Sáfadi, essa ampla cobertura da vacinação resultou em uma mudança de cenário da pandemia em São Paulo. Enquanto, há um ano, receber um diagnóstico de Covid gerava uma sensação de pavor e insegurança nas pessoas, nos dias atuais, na grande maioria dos que foram imunizados, a doença evolui de uma forma que representa menos risco à vida.
 
Ao longo deste ano de vacinação, pesquisadores puderam obter mais respostas quanto à eficácia e a duração da proteção fornecida por cada imunizante disponível. Com isso, os esquemas vacinais foram sendo adequados – intervalos entre doses, por exemplo, foram reduzidos. Quanto mais pessoas com duas doses, menor o impacto de variantes como a delta no sistema de saúde.
 
"Essas vacinas, desde o início, se propuseram a diminuir o risco de sintomas graves, complicações graves da doença, e eu entendo que nós obtivemos isso de forma muito sólida", afirmou Sáfadi.
 
Também se demonstrou necessária a aplicação de uma dose de reforço, inicialmente em idosos, que costumam ter decaimento natural mais rápido no nível de anticorpos específicos no organismo do que os mais jovens. Isso também ocorre nas pessoas imunossuprimidas.
 
Em 18 de novembro, o Plano Estadual de Imunização (PEI) liberou a dose adicional para todos os maiores de 18 anos que já tivessem completado o período de intervalo obrigatório para a vacina da marca que tivessem recebido anteriormente.
 
No final do mês, a chegada da variante ômicron, com seu maior poder de transmissão, enfatizou a importância do reforço vacinal na população adulta.
 
Com aproximadamente 27,7% da população de SP imunizada com a dose de reforço, a ômicron já se tornou a variante predominante no território paulista, presente em 90% das amostras positivas de Covid sequenciadas pelo Instituto Butantan entre os dias 25 de dezembro e 1º de janeiro.
 
Desafios no futuro da pandemia
De acordo com o presidente do departamento de imunização da SBP, baseado em pandemias anteriores, o mais esperado é que se atinja um cenário de transição entre uma situação pandêmica e uma endêmica, na qual será possível conviver com o vírus de uma forma diferente. Vacinando as populações de risco à medida que isso se fizer necessário, e contando com medicamentos para tratar pessoas que mesmo imunizadas vierem a se infectar.
 
"A tendência é que o vírus 'evolua' adquira características que o tornem com maior poder de transmissão, mas que também seja associado, muitas vezes, à menor virulência (gravidade da doença). Isso era o mais provável que acontecesse [desde o início], exatamente para facilitar a sobrevivência dele. Se o vírus aumenta sua agressividade, isso, de certa forma, acaba sendo paradoxalmente um sinal de que ele não vá durar muito, porque acaba dizimando aqueles que ele infecta", explica Sáfadi.
 
A variante ômicron do coronavírus se encaixa na descrição do especialista. Apesar de altamente contagiosa, ela tem se mostrado menos grave em pessoas já imunizadas.
 
Porém, o médico alerta que ainda há incertezas quanto à evolução do cenário da pandemia, já que podem surgir novas variantes que não sigam a tendência mencionada.
 
"Quanto mais inequidade (diferença) houver na distribuição de vacinas na humanidade, a gente acaba tendo mais risco disso [surgimento de variantes]. Então, na hora que a gente conseguir oferecer para as nações africanas, para nações mais carentes de outros continentes também, a possibilidade do surgimento dessas variantes vai se estreitando."
 
Em relação a como serão as próximas campanhas de vacinação contra Covid, quantas doses irão compor o esquema vacinal básico, a periodicidade e necessidade do reforço, assim como a identificação de quem precisará fazê-lo, Sáfadi disse ao g1 que isso dependerá das características do vírus que estiver em circulação, da variante predominante no momento.
 
Vacinas de segunda geração, como a da CoronaVac, cujo desenvolvimento já foi anunciado pela farmacêutica chinesa Sinovac Biotech, também poderão ser determinantes para o desenrolar das campanhas vacinais e da pandemia em si.
 
 
 

 

Fonte: G1

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