Especialista explica por que uma dieta rica em nutrientes variados, na maioria das vezes, dispensa o uso de suplementos vitamínicos para a saúde do corpo

 

Bernardo Herradón García, doutor em Ciências Químicas e pesquisador do Instituto de Química Orgânica Geral do Conselho Superior de Investigação Científica (CSIC), explicou à EFE qual é a importância das vitaminas para a saúde, as consequências do seu déficit, bem como do excesso de vitaminas levado por modismos e falsas crenças. A primeira coisa que o especialista destaca é a importância do estudo das vitaminas, como "uma das descobertas mais brilhantes do século 20 e por cuja pesquisa foram concedidos vários prêmios Nobel."

 

O especialista explica que existem 14 vitaminas que precisamos fornecer ao nosso corpo. "Todos elas são necessárias, sem elas poderíamos ter problemas de saúde, alguns graves e outros nem tanto, mas também não temos que carregar 14 frascos de produtos químicos porque simplesmente comendo uma maçã temos a maior parte do recomendado diariamente”, afirma.

 

Para o químico, "há mercado para suplementos alimentares e, entre estes, os de vitaminas são os mais populares, mas com uma alimentação equilibrada não é necessário tomar vitaminas embaladas, apenas nos casos em que há problema de absorção ou doença que tem a ver com a deficiência de vitaminas e que deve sempre ser tomada sob prescrição médica”, alerta. 

 

Todas as vitaminas são encontradas nos produtos que costumamos consumir, principalmente nas frutas e verduras. A vitamina B, no entanto, é encontrada em peixes, frango, carne bovina, ovos e laticínios, “o que cria um problema para os veganos, que neste caso podem compensar essa falta com um suplemento alimentar”, esclarece o cientista.

 

“Em relação à popularidade de certas vitaminas, houve momentos em que ocorreu um consumo excessivo de vitamina C, acreditando que a ingestão dessa vitamina poderia prevenir resfriados, tomando-a antes do inverno, mas não há comprovação ou evidência científica que uma dose exagerada de vitamina C previne esses episódios”, destaca Herradón.

 

Este também é o caso da vitamina D, que comumente é associada como uma aliada para fortalecer os ossos. “É verdade que a vitamina D fortalece os ossos e participa na formação e manutenção deles, mas também é verdade que o consumo excessivo pode ser perigoso para a saúde”, alerta o especialista.

 

Segundo Herradón, a vitamina E também entrou para a lista de vitaminas da moda “porque estava associada a uma maior potência sexual, o que também não foi demonstrado [cientificamente]. Em outras palavras, o consumo de vitaminas adicionais realmente está na moda. No final, as pessoas consomem esse tipo de suplemento incentivado pela publicidade, que nos vende uma vida mais saudável, ser mais bonito ou ser mais inteligente”, afirma o pesquisador. 

 

Mas os seres humanos precisam de pouca quantidade de vitamina porque a comida já nos fornece. "O corpo usa as vitaminas de que precisa e que, normalmente, são quantidades de microgramas, ou seja, a milionésima parte de um grama", especifica o cientista.