Em carta, auditores fiscais apontam ‘sucateamento’ da Receita Federal
Auditores fiscais entregaram carta nessa sexta-feira (28) ao secretário especial da Receita Federal, Julio Cesar Vieira Gomes, afirmando que o “sucateamento” da autarquia vai “inviabilizar o combate a fraudes”.
Desde o fim do ano passado, quase 1,4 mil servidores da Receita em postos de chefia já entregaram seus cargos. O grupo exige a regulamentação de um bônus de produtividade, aprovado em 2017, e uma recomposição no orçamento da autarquia.
Na carta, os auditores, que fazem parte das equipes de fiscalização de combate à fraude, citam série de operações nos últimos anos que recuperaram “bilhões [de reais] para os cofres públicos”, combatendo quadrilhas que cometem crimes de colarinho branco, corrupção, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e tráfico de drogas e pessoas.
Auditores falam em "sucateamento": desde o fim de 2022, quase 1,4 mil servidores da Receita em postos de chefia entregaram cargos — Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
“A execução deste trabalho demanda recursos, especialmente na manutenção e modernização de sistemas inteligentes para cruzamento de dados”, diz o documento, divulgado pelo Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais (Sindifisco).
“Também é fundamental contar com auditores fiscais motivados e valorizados. No entanto, a Receita Federal vem sendo sucateada. A redução drástica no orçamento ano após ano e, principalmente, a deste ano inviabiliza a manutenção dos sistemas de informação e, consequentemente, as análises de dados que levam a identificação das organizações criminosas”.
Os auditores afirmam também que “o descaso do atual governo com a instituição Receita Federal explicitado no discurso de ministros, líderes e do próprio presidente” Jair Bolsonaro (PL) desmotiva o grupo. Segundo o Sindifisco, o corte no orçamento da Receita foi de R$ 1,2 bilhão neste ano, queda de 52% em relação a 2021.
Ainda de acordo com os auditores, as “alegações de falta de recursos” para que as demandas sejam atendidas “não prosperam”. “O resultado do trabalho, que será inviabilizado se as demandas não forem atendidas, é muito superior aos valores necessários para recompor o orçamento”, diz a carta.
Fonte: Valor Econômico
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