Recém-apresentado no Senado, o texto da proposta de emenda à Constituição (PEC) 110 da reforma tributária precisa passar por novas negociações e “não tem ambiente” para ser votado neste momento. A avaliação é do próprio líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). Em entrevista ao Valor, o emedebista explicou que a matéria é conceitualmente bem aceita pelos senadores, mas não equaciona, por enquanto, o conflito distributivo do sistema tributário brasileiro. Por conta disso, segundo Bezerra Coelho, a reforma do Imposto de Renda (IR) deve passar na frente na Casa.

Bezerra falou sobre o assunto ao comentar um caminho que vem sendo especulado há alguns dias: a possível votação “casada” das duas matérias. “Eu entendo que o ambiente está mais pronto para aprovar a reforma do IR. O governo está pronto para aprovar as duas, reforma do IR e reforma tributária, mas acredito que, até o momento, não há um ambiente para ter esse casamento [entre as duas matérias], para se aprovar ambas ao mesmo tempo”, explicou.

 

“O apelo maior do governo é votar o IR. Conceitualmente, o relatório da reforma tributária tem apoio. Mas ainda não traz respostas que são fundamentais para que seja votada [imediatamente]”, complementou Bezerra. O parecer da reforma tributária foi apresentado pelo senador Roberto Rocha (PSDB-MA) na terça-feira. O tucano recebeu o respaldo do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Apesar disso, nos bastidores, parlamentares de PSD e MDB, duas das maiores bancadas da Casa, têm minimizado a votação da PEC tributária neste ano.