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Gripe H3N2: como evitar, quais os sintomas e a eficácia da vacina

O subtipo H3N2 do vírus influenza está provocando surtos atípicos de gripe em dezenas de cidades brasileiras, depois de promover uma epidemia no Rio de Janeiro. Conhecer os sintomas dessa nova gripe e saber como diferenciá-la da Covid-19 é importante para entender o avanço dos dois vírus e buscar o tratamento correto.
 
A infecção causada pelo H3N2 gera sintomas respiratórios clássicos, dá um mal-estar intenso e é mais perigosa para idosos, crianças e portadores de comorbidades.
 
Suspeita-se que tenha se espalhado por aqui fora de hora devido a dois fatores: a baixa adesão à vacina da gripe e o relaxamento das medidas que estavam sendo tomadas para frear o coronavírus.
 
Para impedir que ela avance e concorra com a Covid-19, que vive seu momento “volta dos que não foram”, será necessário intensificar a imunização. A vacina da gripe, disponível para todos os brasileiros nos postos de saúde, ajuda a proteger contra esse novo subtipo do influenza, que foi batizado de H3N2 Darwin, embora ele em si não esteja contemplado na fórmula.
 
Explicamos. “A cepa H3N2 já está na vacina há tempos – o Butantan produz todos os anos uma fórmula com o H1N1, H3N2 e o influenza do tipo B. Como o vírus sofre mutações facilmente, surgem novas variantes dentro desses grupos, como a H3N2 Darwin”, afirma o biólogo Ricardo Oliveira, diretor de produção do Instituto Butantan.
 
O infectologista Jaime Rocha, professor da Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), reforça o papel da imunização. “Não ter exatamente a cepa em predominância não quer dizer que o imunizante não protege. Ele só reduz um pouco a sua eficácia. Isso não funciona de forma tão absoluta assim”, esclarece o médico.
 
Sintomas da gripe H3N2 e como é feito o tratamento
A doença provocada pela H3N2 Darwin tem sido chamada de nova gripe, mas, na prática, os sintomas são bem conhecidos. “Os principais sinais são coriza, tosse, dor de garganta, dor no corpo, dor de cabeça, fraqueza e febre“, lista o médico Felipe Duarte, gerente de Pacientes Internados e Práticas Médicas do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
 
Em linhas gerais, pacientes com esses sintomas devem passar por um isolamento de sete dias para evitar contaminar outras pessoas, além de fazer repouso, ter boa alimentação, hidratar-se bem e usar medicamentos para amenizar dores e febre.
 
Como os hospitais e postos de saúde estão com grandes filas nas capitais afetadas, se o quadro for leve, a ideia é se recuperar em casa e ficar de olho em sinais de alerta. “Se houver desmaio, falta de ar, chiado no peito, febre de difícil controle ou convulsão, é preciso buscar ajuda imediata”, alerta o médico.
 
O problema é que estamos em tempos de Covid-19, que provoca sintomas muito parecidos com os da influenza, e só os exames podem diferenciar os dois vírus. Mesmo com queixas brandas, conseguir se isolar e fazer um teste (dificuldade que tem sido relatada por muitas pessoas que buscaram atendimento recentemente) é importante.
 
“Por isso não é tão simples seguir a recomendação mais costumeira, que é ficar em casa se a situação não é grave”, nota Helio Arthur Bacha, infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein.
 
A testagem ajuda a definir o curso do tratamento. Existem medicamentos para combater o influenza, mas eles são indicados apenas a pessoas com risco de agravamento.
 
“O oseltamivir, conhecido como Tamiflu, principal antiviral usado no tratamento da influenza, pode causar efeitos colaterais que atingem o sistema gastrointestinal, como náusea, dor de barriga e enjoo. Há outras repercussões possíveis, descritas em bula, mas que são mais raras”, esclarece o médico do Sírio-Libanês.
 
“É preciso avaliar se a pessoa tem risco de complicação. Para os jovens, a literatura mostra que o uso dos remédios não oferece tantos benefícios que justifiquem a prescrição”, explica Duarte.
 
A automedicação é perigosa especialmente para quem já tem problemas nos rins e no fígado.
 
Quem é o influenza H3N2?
O vírus causador da gripe se divide nas espécies A, B e C, que ainda são classificadas em vários subtipos. O grupo do tipo A é o mais comum e costuma ser o responsável pelas gripes sazonais e as que provocam epidemias, como a de H1N1, de 1918 e 2009, e, agora, a de H3N2, que apareceu pela primeira vez em 1968, em Hong Kong.
 
As cepas do tipo A são caracterizadas por duas letras, que vêm de hemaglutinina (H) e a neuraminidase (N). “O H é a proteína que ajuda o vírus a grudar na nossa célula, e o N é o que ele utiliza para se replicar”, ensina Rocha.
 
Já os tipos B e C costumam causar quadros mais brandos, sendo que o C é mais raro e não preocupa do ponto de vista epidemiológico.
 
Por que estamos vivendo um surto de gripe agora?
O influenza em si é uma preocupação mundial há séculos. Nos últimos dois anos, no entanto, deu uma sumida, porque o coronavírus tomou de assalto os holofotes e fez com que adotássemos hábitos que acabam prevenindo também a gripe.
 
“As pessoas se esqueceram dela e não se vacinaram. Fora que ainda houve o relaxamento dos protocolos de segurança na maioria das cidades, como uso de máscaras e distanciamento”, esclarece Rocha.
 
Esse tipo de vírus circula com mais facilidade no outono e no inverno. Só que com tanta janela de oportunidade, ele acabou se replicando fácil por aqui mesmo em meio às altas temperaturas.
 
Ainda vale a pena tomar a vacina da gripe?
“Todos os anos, o vírus influenza sofre pequenas mutações. Por isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) orienta os países sobre a composição das novas vacinas”, conta o infectologista Jaime Rocha.
 
A cepa H3N2 Darwin já tinha sido detectada pela OMS, que sugeriu, em setembro, a sua inclusão na vacina – tempo que seria suficiente para a produção das doses que protegeriam os brasileiros na campanha de 2022, que ocorre estrategicamente próxima ao inverno, período de pico da doença.
 
Não deu tempo de antecipar, mas está tudo bem. O imunizante disponível nos postos confere proteção parcial, porque, como dissemos, contém uma versão mais antiga do H3N2 em sua composição. Ou seja, facilita o reconhecimento do vírus pelo sistema imune e reduz o risco de que a infecção se alastre.
 
A produção da fórmula atualizada deve começar em janeiro para que as doses sejam encaminhadas ao Ministério da Saúde entre o fim de março e início de abril, segundo o diretor do Instituto Butantan.
 
Por que há casos sendo relatados como síndrome gripal?
“O termo indica um conjunto de sintomas causados por qualquer vírus gripal. O médico sempre avalia quais vírus estão em circulação para conseguir afinar o diagnóstico, mas só com o exame é que se tem a certeza do que se trata”, esclarece Rocha, o infectologista da PUC-PR.
 
Os dados dos testes alimentam uma “rede sentinela”. “Ela é formada por UPAs, UBs e clínicas privadas que fazem testes em pacientes com quadros de síndrome gripal. Funciona como um grande centro de vigilância para os médicos saberem o que está circulando na região”, explica Rocha.
 
Só que, quando um local não consegue dar conta de testar todos os doentes, os casos acabam sendo divulgados de forma mais genérica, tornando difícil saber se há uma nova alta de Covid-19 e ou se o problema maior é a gripe.
 
Frear a transmissão depende de atitudes coletivas
Como a Covid-19 se tornou uma doença predominante, a população acabou prestando atenção só nela. Com a redução de casos e relaxamento das restrições, mais gente saiu sem máscara, aglomerou e descuidou da higiene. Além do fato de a pandemia não ter acabado e de a variante Ômicron já estar circulando no Brasil, a gripe em si também pode ser perigosa.
 
No caso do influenza, o risco é maior para crianças menores de 5 anos, idosos e portadores de doenças crônicas, como o diabetes. Por isso, não dá para descuidar.
 
“Há quem faça o teste e, descartando a Covid-19, sente-se à vontade porque perde o medo de transmitir para alguém – sem imaginar que pode causar um caso grave em indivíduos mais vulneráveis”, explica o médico da PUC-PR.
 
Resumo da ópera: mesmo em meio às festas de fim de ano, o ideal é manter as medidas preventivas. Os médicos ressaltam a importância de ficar em casa se tiver sintomas e de manter a etiqueta respiratória, tossindo e espirrando sempre cobrindo o rosto. No caso da influenza, o isolamento recomendado é de sete dias.
 
Indivíduos não imunizados contra a gripe precisam de atenção especial. “Quem não está vacinado ou está com a imunidade mais baixa pode ter febre mais alta, mal estar intenso e transmitir mais o vírus”, avalia o infectologista do Albert Einstein. Isso vale também para a Covid-19. Nos dois casos, as vacinas salvam vidas.

Fonte: Veja Saúde

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