Notícias

Imagem

Problemas no quadril como consequência da Covid-19

Entre as sequelas e consequências da Covid-19, muito se fala sobre a perda de olfato e até mesmo a queda de cabelo. Mas, como ortopedista especialista em quadril, meu alerta se dirige ao risco de osteonecrose nessa articulação.
 
Isso significa a morte do tecido ósseo devido a uma falta de irrigação sanguínea, o que pode culminar em uma cirurgia para instalação de uma prótese ali.
 
A osteonecrose pode ocorrer nesse contexto em função das altas doses de corticoides empregadas contra a Covid-19. Esse tipo de medicamento é utilizado para aliviar a inflamação e os problemas pulmonares e indicado como parte do tratamento de casos mais graves, sobretudo aqueles que requerem hospitalização.
 
Corticoides são potentes anti-inflamatórios e podem ser decisivos para a recuperação de pacientes afetados pela forma severa da Covid-19. No entanto, como efeito colateral, podem inibir múltiplos mecanismos de formação óssea.
 
Eles aumentam o risco de alterações nas células formadoras de ossos (os osteoblastos) e até mesmo sua morte, assim como danos à circulação na região do fêmur e do quadril, levando à osteonecrose.
 
Já temos relatos e pesquisas a respeito pelo mundo. A Universidade Thomas Jefferson, na Pensilvânia (EUA), conduziu um estudo, Considerações Ortopédicas Seguidas da Covid-19, que resgata o que já era de conhecimento científico em relação ao uso de altas doses de corticoides no tratamento da Sars, causada por outro tipo de coronavírus em 2003.
 
Naquela ocasião, a incidência de osteonecrose foi de 5 a 58% dos pacientes acometidos, sendo o quadril a área mais afetada.
 
A exemplo do que aconteceu naquela época, a maioria dos indivíduos atingidos agora está na faixa de 20 a 49 anos e se estima que quase 40% das vítimas da Covid-19 possam ter essas alterações entre três e quatro meses após a doença. Isso reforça a necessidade de acompanhamento por até três anos entre quem foi tratado com altas doses de corticoide.
 
Nessa situação, é fundamental buscar o diagnóstico precoce e prestar ainda mais atenção naquelas pessoas que tiveram quadros severos e ficaram internadas pela infecção e/ou que sintam alguma dor na região do quadril e da virilha.
 
A orientação é que, dentro dessas circunstâncias, em seis meses após a infecção e internação o paciente realize um exame de ressonância magnética para checar o estado da articulação e prevenir a perda do quadril natural.
 
Além disso, após um ano do tratamento, o exame deve ser repetido, pois, se essa doença não for reconhecida a tempo e tratada corretamente, há grandes chances de o indivíduo receber uma prótese de quadril prematuramente.
 
A taxa de sucesso do tratamento da osteonecrose vai variar de acordo com o tamanho da lesão, sua localização e o estágio em que foi detectada, podendo ser apenas medicamentoso ou cirúrgico.
 
A cirurgia não é de alta complexidade. Em geral, são feitas pequenas perfurações na cabeça do fêmur para estimular a circulação ou são usados concentrados de enxerto de medula óssea para devolver o estímulo biológico para a cabeça femoral e a recuperação do quadril.
 
* David Gusmão é ortopedista, especialista em quadril e membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e da Sociedade Brasileira de Quadril

Fonte: Veja Saúde

Categorias:

Comente esta notícia

código captcha
Desenvolvido por Agência Confraria

A Delegacia Sindical de Curitiba do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco Nacional) utiliza alguns cookies de terceiros e está em conformidade com a LGPD (Lei nº 13.709/2018).

Saiba mais sobre o tratamento de dados feito pela DS Curitiba CLICANDO AQUI. Nessa página, você tem acesso às atualizações sobre proteção de dados no âmbito da DS Curitiba, bem como às íntegras de nossa Política de Privacidade e de nossa Política de Cookies.