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Covid-19 deixa Brasil mais desigual, pobre e infeliz

Estudo mostra queda da satisfação do brasileiro para o menor valor da série histórica
 
A pandemia de covid-19 aumentou a desigualdade de renda para nível recorde, diminuiu o rendimento médio do trabalho e deixou os brasileiros mais infelizes e com mais sentimentos negativos em comparação com a média global, segundo estudo de Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV Social).

No aspecto comportamental, uma medida geral de felicidade obtida a partir do levantamento da Gallup World Poll mostra que, numa escala de 0 a 10, a satisfação do brasileiro ficou em 6,1 no ano passado, uma queda de 0,4 ponto percentual ante 2019, atingindo o menor ponto da série histórica. Ao mesmo tempo, a média de 40 países aponta que a mesma avaliação ficou estagnada de 2019 a 2020: de 6,02 para 6,04. A pesquisa inclui nações como Áustria, China e Zimbábue.

O estudo evidencia a “desigualdade da felicidade” entre as fatias da população: a queda geral da satisfação foi puxada pelos 40% mais pobres e o grupo intermediário, entre os 40% a 60% mais pobres. Já nas duas camadas acima, a avaliação ficou praticamente igual de um ano a outro.

“A nota média de felicidade dos 40% mais pobres fica em outro patamar (5,5) em relação aos grupos de renda mais alta, todos acima de 6, chegando a 6,9 nos 20% mais ricos. A diferença entre os extremos era de 7,9% em 2019 e sobe para 25,5% na pandemia”, diz Neri, destacando que o dado é consistente com a disparidade no mercado de trabalho.

A crise gerou ainda uma onda de emoções negativas entre os brasileiros. Também de 2019 a 2020, aumentou de 56% para 62% a fatia de brasileiros que disseram estar preocupados, enquanto a média de 40 países aumentou só 2,4 ponto, de 38,5% para 40,9%. Os brasileiros disseram ter sentido mais raiva (24% ante 19%), estresse (47% ante 43%) e tristeza (31%, de 26%).

Por outro ângulo, caíram os relatos dos brasileiros sobre diversão, de 72% para 66%. Em todas as análises, a piora de bem-estar foi mais intensa do que a observada na média dos países.

“A pandemia é um choque global, mas afetou mais o Brasil. Existe uma correlação muito próxima entre felicidade e dinheiro no bolso, que é mais forte em países muito pobres do que nos mais ricos”, afirma Neri.

Os dados evidenciam uma piora da desigualdade em todos os campos, da felicidade a variáveis macroeconômicas mais tradicionais. O índice de Gini, medida sobre a desigualdade de renda do trabalho, cresceu para 0,674 no primeiro trimestre deste ano, contra 0,642 um ano antes, renovando o recorde da série histórica. O aumento no intervalo foi de igual magnitude entre a crise de 2015 até o início de 2020. Quanto mais perto de 1, maior é a concentração de renda.

Entre o terceiro e quarto trimestre, o indicador havia oscilado em torno da estabilidade (0,669, de 0,662), beneficiado pelos pagamentos mensais do auxílio emergencial. No início do ano, houve uma hiato nos repasses, que foram retomados no mês de abril, mas em valor menor, entre R$ 150 e R$ 375. Em 2020, as parcelas foram R$ 600 e depois reduzidas para R$ 300.

A renda média per capita recuou pela primeira vez abaixo de R$ 1 mil mensais, para R$ 995 no primeiro trimestre de 2021, ainda segundo o estudo. O dado caiu 11,3% ante um ano antes, quando estava em R$ 1.122, o maior nível da série iniciada em 2012. O estudo da FGV Social considera a renda efetivamente recebida do trabalho dividida pelos integrantes da família, e usa os microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Já a renda do trabalho na população em idade ativa, considerando os desocupados, caiu 10,89% entre os primeiros trimestres do ano passado e deste ano. Entre a fatia dos 50% mais pobres, o recuo foi o dobro, de 20,81%. Para a população em geral, a queda na taxa de participação no mercado de trabalho respondeu por mais de 80% do recuo na renda. Já entre os mais pobres, o aumento da taxa de desemprego teve peso maior.

Fonte: Valor
 

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
 

Fonte: Valor Econômico

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