Número de bilionários brasileiros aumenta na pandemia
Milhões de desempregados contrastam com 65 super-ricos brasileiros que acumulam fortuna de R$ 1,2 trilhão
Mais 20 brasileiros entraram no hall de bilionários da revista Forbes. Desse total, dez aparecem pela primeira vez na lista. De acordo com a publicação, agora são 65 super-ricos no Brasil, contra 45 de 2020. Somados, o patrimônio é de cerca de US$ 219 bilhões (mais de R$ 1,2 trilhão). O fato surpreendente é que centenas de pessoas ganharam dinheiro em plena pandemia, enquanto milhões estão desempregadas e vivendo em condições precárias, cenário que não se restringe apenas ao Brasil.
O homem mais rico do Brasil atualmente é Jorge Paulo Lemann, sócio da Anheuser-Busch InBev. Ele assumiu o topo da lista após a morte do banqueiro Joseph Safra. Os herdeiros do Banco Safra entraram na lista, juntamente com a viúva Vicky Safra, a mulher mais rica do país. Em todo o mundo, foram cerca de 660 novos bilionários a figurarem na lista, cerca de um a cada 17 horas, segundo estimativa da revista. No topo do ranking mundial estão o dono da Amazon, Jeff Bezos, o dono da Tesla, Elon Musk, e o presidente e diretor executivo da LVMH, Bernard Arnault e família.
O que mais chama a atenção não é somente o fato de haver novos bilionários no mundo, mas sim que esse número tenha aumentado durante uma das piores crises econômicas e sociais da história. A dor e sofrimento geram dinheiro.
A DS Curitiba tem destacado a desigualdade brasileira há tempos. O Brasil tem aumentado sua desigualdade nos últimos anos, e o atual Governo sem promover investimento nem políticas de distribuição de renda tornou o país o sétimo mais desigual do mundo, ficando atrás apenas de países africanos. Esse número é do coeficiente Gini, que mede a desigualdade no mundo. Quando olhamos a concentração de renda, os dados são ainda piores: o 1% mais rico concentra cerca de 30% da renda total do país.
O mundo inteiro discute a necessidade de que os mais ricos — bilionários e milionários que tenham obtido ganhos na crise — paguem mais impostos. Até mesmo o Fundo Monetário Internacional (FMI) já defendeu a tributação dos super-ricos para financiar a reestruturação das economias. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, também já deu sinais de que pretende aumentar a taxação de fortunas. Mas no Brasil, com todos os problemas estruturais existentes, com milhões de desempregados e com um auxílio emergencial pífio, o Governo Federal não quer saber da taxação das grandes fortunas, algo que já existe em nossa Constituição e que nunca foi regulamentado. Opta por permitir a destruição da Amazônia e pela preocupante liberação de armas.
Assim como todas as políticas feitas pelo Executivo — que vão na contramão do mundo —, a não implementação de um Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF) continua prejudicando os mais pobres, enquanto a lista de bilionários — ou lista da desigualdade — segue aumentando. A DS Curitiba e diversas entidades, como o Instituto Justiça Fiscal (IJF), defendem que a Reforma Tributária, que está parada e sem perspectiva de debates, seja um caminho para reduzirmos a desigualdade, com justiça fiscal e desenvolvimento social.
Somente com uma Reforma Tributária de verdade, que não se limite à mera simplificação de impostos, como querem os parlamentares e o ministro da Economia, Paulo Guedes, será possível mudarmos esse país. Somente com uma reforma que foque na renda e patrimônio, e não no consumo, é que traremos desenvolvimento para esse país. Se nada mudar, vamos continuar no ritmo da música: “E o motivo todo mundo já conhece/É que o de cima sobe e o de baixo desce”. Enquanto isso, o presidente busca reduzir impostos para armas e taxar os livros, porque “só rico lê”.
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