Notícias

Imagem

Tributo federal na gasolina mais do que dobra em cinco anos

Impostos da União representavam, em novembro do ano passado, 15,5% do preço final do produto
 
Nos últimos cinco anos, a fatia dos impostos foi a que mais cresceu entre os diversos itens que compõem os preços da gasolina e do diesel vendidos no país. Sozinha, a parcela dos tributos federais na gasolina mais do que dobrou no período.
 
Segundo o mais recente Boletim de Acompanhamento do Mercado de Combustíveis publicado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), impostos federais representavam em novembro do ano passado 15,5% do preço final da gasolina. Em novembro de 2014, essa fatia equivalia a 6%. O crescimento reflete dois aumentos de impostos promovidos nos governos Dilma Rousseff e Michel Temer para enfrentar crises de arrecadação. Entre 2014 e 2019, o valor dos tributos federais subiu de R$ 0,26 (já corrigido pela inflação) para R$ 0,68 por litro.
 
O governo federal cobra dois impostos sobre combustíveis: PIS/Cofins e Cide (contribuição sobre intervenção no domínio econômico). Embora seja maior, a parcela de tributos estaduais cresceu menos no período. Na gasolina, a alta do valor médio arrecadado por Estados subiu 19,23% acima da inflação, passando de R$ 1,04 (corrigido pelo IPCA) a R$ 1,24 por litro. O ICMS representava, em novembro, 29% do preço final do combustível.
 
Os impostos são, de longe, a maior parcela do valor pago pelo consumidor por um litro de gasolina. Em novembro, segundo os dados do MME, Estados e municípios ficavam com 44% do preço final do combustível, e a gasolina propriamente dita equivalia a 30,2%.
 
A proposta do presidente Jair Bolsonaro, feita publicamente nesta semana, de zerar os tributos sobre combustíveis teria potencial de reduzir o preço da gasolina em até 44%, e o diesel, em até 24%.
 
De acordo com a Receita, a alterações das alíquotas federais são feitas por decreto. Portanto, a decisão caberia ao presidente e não seria necessário aval do Congresso. Questionado, o Ministério da Economia não quis se manifestar sobre o impacto de eventual decisão.
 
Nos Estados, quase 20% da arrecadação sob responsabilidade dos governadores vem do ICMS sobre combustíveis. No caso da União, 2% dos recursos recebidos pela Receita Federal em 2019 foram fruto das cobranças sobre combustíveis.
 
Para definir o preço de combustíveis, a Petrobras considera fatores como cotações do petróleo e do câmbio, e outros custos. Na maior parte dos Estados, o cálculo do ICMS é baseado em um valor médio ponderado ao consumidor final, o preço de pauta, atualizado quinzenalmente por pesquisa de preços da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) ou a partir de notas fiscais eletrônicas de venda de combustíveis.
 
"Papel de otário"
Nesta quinta-feira (6), Bolsonaro disse que não adianta diminuir o preço nas refinarias se o valor não for repassado aos consumidores e que então é melhor “não baixar”.
 
— Se não chega ao consumidor, a gente está dando varada na água. A responsabilidade do preço do combustível é minha e dos governadores. Não fiquem só jogando em cima de mim — disse ao sair do Palácio da Alvorada.
 
Ele ainda afirmou que está sendo feito de "otário":
 
— A gasolina baixou 4% na refinaria hoje. Quanto vai baixar na bomba para o consumidor? Zero. Então, estou fazendo aqui papel de otário.
 
Cobrado pela população sobre a alta dos combustíveis, Bolsonaro vem repetindo que o problema está na cobrança do ICMS, tributo estadual. O episódio levou a reações dos governadores, que se manifestaram publicamente em tom crítico à fala de Bolsonaro.
 
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse na quarta-feira que a postura do presidente foi populista e pouco responsável:
 
— Se Bolsonaro convidar governadores para diálogo franco, aberto, tecnicamente robusto, os governadores, provavelmente, aceitarão. Mas a imposição aos governadores de que cabe a eles a responsabilidade da redução do ICMS e, consequentemente, do combustível, é atitude populista e, ao meu ver, pouco responsável.
 
Questionado sobre o tema pela colunista de GaúchaZH Kelly Matos, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, respondeu:
 
— Os governadores, como o presidente, têm interesse e disposição em buscar solução para o tema dos combustíveis. O mais recomendável seria uma reunião, e não tratativas por redes sociais ou por declarações à imprensa.
 
"Problema não é o posto, é o imposto", diz especialista
— Essa discussão aberta por Bolsonaro é importante para mostrar que o problema do preços dos combustíveis no Brasil não é o posto, é o imposto — diz o consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).
 
Na crise, União e Estados olharam para combustíveis e energia como alternativa para reduzir a perda de arrecadação. Em 2019, o item petróleo e combustíveis representou 17,57% da arrecadação total de ICMS no país, que somou R$ 496,7 bilhões, e 15% da arrecadação dos Estados (584 bilhões).
 
— Cada Estado vive realidade distinta, mas a maioria está em crise fiscal e a situação tende a se agravar sem uma boa reforma tributária – diz o presidente da associação que reúne os agentes fiscais de São Paulo (Afresp), Rodrigo Spada.
 
Em alguns casos, como Maranhão e Tocantins, a dependência dos combustíveis supera 30% da arrecadação. A proposta de alterar o modelo de cobrança, feita por Bolsonaro nesta semana, tem apoio do setor de combustíveis, para quem o modelo gera espiral inflacionária, já que o ICMS é cobrado com base no preço de bomba dos combustíveis. No início de fevereiro, após dois cortes nos preços de refinarias, apenas Roraima reduziu o valor de referência. Outros 15 Estados, pelo contrário, reajustaram para cima.
 
— Quando a Petrobras mantinha o preço por muito tempo, não fazia muita diferença. Agora (que os reajustes são mais frequentes), faz — diz Décio Oddone. diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) .
 
A proposta defendida por Bolsonaro prevê estabelecer valores fixos, em reais por litro, como são cobrados impostos federais. Assim, reajustes nas refinarias incidiriam só sobre a parcela referente à gasolina.
 

Fonte: GauchaZH

Categorias:

Comente esta notícia

código captcha
Desenvolvido por Agência Confraria

A Delegacia Sindical de Curitiba do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco Nacional) utiliza alguns cookies de terceiros e está em conformidade com a LGPD (Lei nº 13.709/2018).

Saiba mais sobre o tratamento de dados feito pela DS Curitiba CLICANDO AQUI. Nessa página, você tem acesso às atualizações sobre proteção de dados no âmbito da DS Curitiba, bem como às íntegras de nossa Política de Privacidade e de nossa Política de Cookies.